14.7.07

Alpedrinha.

As revoltas do período da primeira invasão perdem-se aos poucos na memória, quase 200 anos passados sobre os acontecimentos e, especialmente quando decorrem em pequenas localidades, pouco ou nada se escreve já sobre as mesmas.
Daí um dos objectivos destes artigos, não deixar cair no esquecimento o que se passou entre 1807-1808, anos fundamentais para uma refundação da identidade portuguesa, pois não é o exército que lídera o combate aos "usurpadores", são as populações locais que em primeiro lugar o fazem ao aclamarem o príncipe regente e ao hastearem novamente a bandeira nacional.
As vitórias inglesas são de extrema importância e em muito contribuem para a expulsão final dos franceses, mas estas revoltas, mesmo com pesadas perdas para as populações, em muito influem também para o resultado final, ao darem a entender ao inimigo que o país não mais aceitaria de ânimo leve a sua presença.
Alpedrinha, no dia 5 de Julho de 1808, assistiu a mais um dessas violentas entradas do general Loison, que pretendia desse modo incutir um terror tal nos populares, que estes não mais se revoltariam contra o governo francês. Os resultados seriam sempre inversos, mas nada disso impedia as atrocidades, diversas casas foram saqueadas e depois queimadas, estimando-se que 31 pessoas tenham perecido neste dia.
A economia nacional já de si muito depauperada, muito dificilmente recuperou depois de destruída parte da sua capacidade de produção agricola e mesmo a insipiente indústria sofreu. Para além das repercussões que se sentiriam por muitos anos com a degradação dos solos, a ruína de muitas das estradas e pontes, a perda de gerações, etc.
Não será esta, no entanto, uma razão suficientemente forte para que haja quem escreva que estas comemorações, a acontecerem, seriam de choro, isso é demonstrar um total desconhecimento da história, é não ter aprendido nada com o passado, afinal uma das grandes lições que a História pode dar.
É finalmente desconhecer, que a construção da democracia portuguesa começou à quase 200 anos, no dia 30 de Novembro de 1808, quando o general Junot chegou a Lisboa. Caminho longo esse e trilhado à custa do sacrifício de muitos, mas afinal não valeu a pena?