5.6.07

A importância de Bailén 1.

As revoltas espanholas, já anteriormente descritas, são de importância fundamental para o desenrolar dos acontecimentos em Portugal, permitindo por último a derrota do Armée du Portugal e o fim da Primeira Invasão em 1808.
Só o facto de o tratado de aliança franco espanhola e, principalmente, o tratado de Fontainebleau, terem sido postos de lado, permitiu o bloqueio das comunicações, reflectindo-se no isolamento do exército do general Junot. Mas outro importante exército francês estava na zona e a sua influência na história também vai ser decisiva.
O general Pierre Antoine Dupont, tinha recebido a incumbência, ainda em 1807, de formar o Segundo Corpo de Observação da Gironda, igual em efectivos ao primeiro, ou seja, 25.000 homens. Este oficial era um dos favoritos de Napoleão, pela coragem e competência demonstrada nos campos de batalha, culminando na campanha de 1805 na Áustria, em que tem várias acções decisivas.
Não é portanto uma nomeação extemporânea, a missão destes homens era delicada, havia desde logo que garantir a ocupação de uma série de fortalezas, da fronteira francesa à portuguesa, isto sem levantar muitas suspeitas entre os espanhóis.
O custo para o corpo traduziu-se na sua redução para 15.000 homens, em Maio de 1808, tendo também que ceder alguns efectivos que foram reforçar o Armée du Portugal, não sendo de modo nenhum suficientes para repor a ordem a Norte e a Sul, depois da retirada das forças espanholas.
O general Kellerman ainda é enviado para Elvas com o intuito de a partir dessa base, entrar em Espanha e estabelecer contacto com as forças de Dupont, que operavam na Andalúsia, mas os ataques a Badajoz são repetidamente rechaçados e pouco depois Junot chama todos os seus generais, concentrando o seu efectivo em redor de Lisboa, com excepção para a divisão Loison que tinha por missão abafar as revoltas.
Assim em Junho de 1808 Espanha estava na maioria do seu território sublevada contra os franceses, que no momento dispunham de apenas cerca de 50.000 homens, distribuídos entre as ditas fortalezas e a região de Madrid onde se concentravam a maioria dos efectivos, sob o comando do general Murat.
Desconhecedor da extensão total da revolta e crente de que a mesma tinha sido já quase completamente reprimida em Madrid, Murat envia, seguindo instruções de Napoleão, o general Dupont para o Sul de Espanha, com a missão de conquistar Cádiz, onde ainda estava o reminiscente da frota francesa.
À semelhança do que se passava com o primeiro corpo, também este era composto na sua grande maioria por recrutas inexperientes, a que se tinham juntado infantaria de marinha, com o objectivo de por em condições de navegar a dita frota.
Este é só o primeiro problema que Dupont enfrenta, pois logo ao iniciar a sua marcha apercebe-se de que afinal a revolta não tinha sido abafada, espalhando-se na medida em que os sobreviventes contavam o que se tinha passado em Madrid. Apesar de tudo Córdova e Sevilha tinham sido fixados como objectivos a conquistar e por isso o avanço continua.
Em Junho ainda consegue conquistar o primeiro, mas depois resolve permanecer vários dias em Andujar, não me querendo alongar neste episódio, refiro apenas que esta foi a chave para o desfecho final dos acontecimentos, a imobilidade de Dupont ditou no que final, o general Castaños com cerca de 30.000 homens, consegue cercar as forças francesas, reforçadas entretanto e que ascendiam a perto de 25.000 homens.