14.2.07

Marcos António Portugal

Lisboa 4 de Março de 1762 - Rio de Janeiro 1830.
Aluno do compositor João de Sousa Carvalho, aos 21 anos já era organista na Sé Patriarcal em Lisboa e aos 23 é nomeado mestre do Teatro do Salitre, onde as suas melodias se tornam bastante populares chamando a atenção da corte, que lhe encomenda obras religiosas para a Sé e para o Palácio de Queluz.
Com a sua fama a crescer, consegue do monarca uma bolsa de estudo para Itália, onde reside de 1762 a 1800, fixando-se sobretudo em Nápoles, compondo algumas óperas de estilo italiano, entre outras obras.
De volta a Portugal é nomeado mestre da Capela Real e do Teatro de S. Carlos, em 1804 priva com o general Lannes, então embaixador de França na corte e que lhe encomenda um solene Te Deum em honra da coroação de Napoleão. Talvez por isso em 1808 resolve permanecer em Lisboa, e a 15 de Agosto proporciona a Junot o seu último momento de lazer no nosso país. Esse era o dia do aniversário do Imperador e os franceses queriam uma grande comemoração solene em S. Carlos, pelo que Marcos Portugal lembrando-se de uma peça escrita anos antes com o título de Demofoonte, cujo libreto ressalta actos corajosos, escreveu nova música e levou-a à cena nesse dia.
Após a derrota, é obrigado a penitenciar-se e sendo um dos mais brilhantes compositores do seu tempo, não lhe causa muitas agruras a partida dos franceses e num ambiente de alto fervor patriótico em 1808 compõe a obra La speranza o sia l'augurio felice, cuja parte final é posteriormente adoptada como hino nacional até 1834, tomando o nome de Hino do Príncipe e mais tarde Hino de D. João VI.
Em 1810 tudo muda novamente na sua vida, surgem novas acusações de jacobinismo, num cenário em que à menor denúncia as pessoas eram ostracizadas ou mesmo perseguidas, o que o leva a embarcar para o Rio de Janeiro onde é bem recebido pela corte e onde tudo lhe é perdoado podendo prosseguir a sua carreira.
Doente em 1821 é forçado a permanecer no Brasil, não acompanhando o monarca de volta a Lisboa, perde todas as regalias que até então usufruia e morre em casa da marquesa de Aguiar que o acolhera, pobre e esquecido pela maioria.
Deixou uma importante obra celebrada em Itália, França e Inglaterra, não será então tempo de olharmos pelos nossos autores, de termos uma verdadeira política de cultura que incentive a sua divulgação, em vez de andarmos a reboque do que meia dúzia de pessoas instaladas gostam e que pouco ou nenhum público conseguem atrair aos teatros?