23.5.07

Porque Junot nunca foi Marechal 1.

Campanha do Egipto, em 1787 os membros do Directório aceitam a ideia de Napoleão em levar a guerra para este território, persuadidos por um lado que a Inglaterra sofreria um rude golpe na sua expansão colonial e influênciados por Barras, que temia a crescente popularidade deste general depois das recentes vitórias em Itália.
Em Maio de 1798 a frota larga de Toulon, mas o mais interessante para esta história, não são as batalhas africanas e sim os escritos de Bourienne, secretário pessoal de Bonaparte, que nas suas memórias descreveu um episódio deveras significativo.
Tenho que recuar um pouco no tempo, para melhor poder explicar depois. O jovem Napoleão ascendeu muito depressa a general e desejava agora um casamento que o pusesse numa confortável posição financeira e social. Ao seu desejo juntou-se a vontade de Barras em torná-lo próximo, para assim poder contar com o seu apoio numa pretendida ascensão política.
Barras tinha uma amante, de seu nome Marie Josèphe Rose de Beauharnais, mas enamorando-se de outra mulher, tratou de a casar com esta estrela em ascensão. Josephine, como depois ficou conhecida, detestava Napoleão, mas não tendo outra escolha fazia-lhe rasgados elogios e o casamento não tardou.
Toda a Paris conhecia a sua reputação, com o marido fora por longos períodos, frequentava os bailes e os jantares que podia e mantinha um sem número de amantes. Só uma pessoa desconhecia esta situação e Bourienne escreveu precisamente que no Egipto, deparou-se com dois homens a conversar, um deles estava cada vez mais pálido e a na sua face eram visíveis as convulsões e um olhar terrível.
Os oficiais superiores presentes nesta campanha sabiam do comportamento de Josephine, mas só Junot teve a irreflectida corajem para lhe contar. Napoleão terá depois aparecido bastante transtornado ao seu secretário, gritando-lhe que não lhe era dedicado, pois de certeza que também tudo isto seria do seu conhecimento e nada lhe dissera.
Muitos autores afirmam que neste seu primeiro casamento Napoleão passou por duas fases, a primeira de total enamoramento por sua mulher, a segunda e já regressado permaturamente do Egipto, de ódio e depois de simples amizade. Curiosamente Josephine depois deste episódio torna-se numa esposa fidelíssima.
Resumindo, para alguns autores, Napoleão nunca terá perdoado a Junot o facto de lhe ter contado sobre as traições de sua esposa.