22.5.07

95th Rifle Corps.

A guerra da independência dos Estados Unidos, forneceu, apesar da derrota, valiosas lições aos exércitos de sua majestade britânica, que não tardaram em copiar muitas das tácticas empregues no conflito. A utilização das encostas como forma de protecção das linhas contra fogo, foi uma dessas lições, mas havia que dispor no cume algumas unidades, de forma a atrair o inimigo.
Os americanos empregavam as suas milícias nessa tarefa, mas não só, por serem unidades muito móveis e constituídas por excelentes atiradores, podendo dispersar e reagrupar com facilidade, atacavem igualmente as colunas de abastecimento e a retaguarda ou os flancos, em suma, eram um pesadelo para qualquer comandante.
De volta a Inglaterra o estado maior, com o icentivo de alguns oficiais superiores, decretou a formação de um corpo experimental, que utilizaria os mesmos métodos das milícias americanas e que teria igualmente um melhor armamento, em relação aos regimentos de linha, nomeadamente novas espingardas que possibilitassem o tiro de precisão.
O coronel Coote Manningham foi encarregue da tarefa do recrutamento de homens, que na sua maioria provinham de outros regimentos, mas que eram recrutas ainda sem grande experiência e por isso mais permeáveis ao intenso treino a que foram sujeitos. O seu baptismo de fogo ocorreu, curiosamente, no falhado assalto anfíbio de Ferrol, Espanha.
Apesar de diversos fracassos nas expedições britânicas até 1807, a acção destes homens, desde a Dinamarca à América do Sul, foi decisiva para a assumpção da designação definitiva, 95th e para o recrutamento de mais um batalhão, isto em 1803.
Em 1808 o 95th tinha as suas forças divididas, o primeiro batalhão acompanhara Sir John Moore na expedição à Suécia e o segundo forma o cerne do que irá ser conhecido como a divisão ligeira de Wellesley. Cerca de 400 homens desembarcam em Portugal e são logo encarregues de abrir o caminho que o restante exército percorreria.
Neste contexto, são os atiradores do 95th, que disparam os primeiros tiros durante a refrega de Brilos, contra a vanguarda das tropas francesas do general Delaborde. O tenente Bunbury, membro do regimento, é o primeiro oficial inglês a ser morto nesta campanha. Mas não ficou por aqui a sua participação, tendo ainda tido um papel de destaque, quer na batalha da Roliça, quer na batalha do Vimeiro.
A sua forma de estar numa batalha era muito simples, não formavam a habitual linha de fogo, actuando sim dispersos num raio de 100 a 200 metros e, quando isso era possível, protegidos por rochas ou vegetação, sendo por isso muito difícil desalojá-los das suas posições. Tinham ainda a vantagem de já possuirem a espingarda Baker, talvez a arma mais precisa do seu tempo.
A protecção que dispensavam às linhas de infantaria, permitia que as mesmas só aparecessem no momento certo, para com o seu efeito devastador, acabar com o avanço inimigo. As ordens eram transmitidas por toques de clarim, ao contrário dos tambores nos outros regimentos e também os seus uniformes eram diferentes, ao invés da tradicional casaca vermelha, vestiam uma casaca verde escuro e calças também da mesma cor, o que lhes valeu a alcunha de "Grilos"