22.1.07

Tenente Coronel George Lake

As guerras proporcionam certos episódios que se não fossem trágicos, figurariam nos livros como caricatos, na Batalha da Roliça aconteceu um deles. O 29th foot (regimento de infantaria de linha inglês) tinha no seu comando o tenente coronel George Lake, um veterano das guerras da Índia tal como o próprio Arthur Wellesley e um apologista das cargas frontais com baionetas, muito audaz e corajoso em batalha.
Os seus homens não tinham essa experiência, pois este regimento havia nove anos que não entrava em acção, sendo chamado para fazer parte da expedição que acabou por desembarcar em Portugal, carecia de veteranos que entretanto se retiraram, o seu baptismo de fogo ocorreria pois em solo nacional.
No dia do confronto, 17 de Agosto 1808, Lake vestiu-se com particular esmero, o uniforme regulamentar era dispensado por muitos oficiais, ele incluido e quando questionado sobre o porquê respondeu que poderia morrer naquele dia e ao menos queria ir elegante.
O seu regimento estava incorporado com o 82nd foot na brigada de Nightingale e na primeira fase da batalha não se fala dele, pois seguiu as ordens tal como Wellesley as ditara de manhã cedo, mas após a retirada francesa da primeira posição para o Alto da Columbeira, uma quase fortaleza natural dado o seu difícil acesso, começa a sua odisseia.
Perante o cenário em causa, foi ordenado aos regimentos que progrediam ao centro, como era o caso do 29th, para disporem apenas as suas companhias ligeiras e aguardar o avanço dos flancos para que se completasse uma manobra de cerco.
A travessia das aldeias e de diversas linhas de àgua atrasaram a progressão e o coronel Lake foi o primeiro a chegar ao sopé do monte, para demonstrar porque é que ele era a pior escolha para estar no comando durante um ataque que se queria de diversão. Desejoso de fama para si e para o seu regimento, decidiu-se a avançar em linha por uma das passagens e inicialmente foi bem sucedido surpreendendo algumas unidades francesas e dando azo a que alguns suíços desertassem para o seu campo, apertando as mãos aos ingleses diziam que não os queriam combater, que eram amigos.
Mas a sua recusa obstinada em descer do cavalo faziam dele um alvo para os atiradores inimigos, que não perderam a oportunidade, atingindo-o primeiro na garganta e depois no peito. Os seus homens incapazes de no estreito espaço de que dispunham de manter a formação, receberam fogo cruzado que lhes causou muitas baixas, precedido de um contra ataque organizado pelo general Brennier que os obrigou a retroceder.
Pararam num pequeno bosque onde os franceses já não se atreveram a persegui-los, até porque entretanto chegavam outras unidades de apoio, no campo da refrega deixaram cerca de 30 prisioneiros, oficiais incluidos e cerca de 70 mortos, entre os quais figurava o seu comandante.
Para quem visita a Zambujeira dos Carros, seguindo na direcção do Alto da Columbeira e já depois de entrar numa estrada de terra batida, depara-se com um cruzamento, virando então para a direita e descendo encontra o túmulo deste infeliz Coronel, morto sem a glória que desejava, mas imortalizado pela sua acção.