29.1.07

Portugal de Junho a Agosto de 1808.

Em Agosto de 1808 a situação do exército francês em Portugal não era nada favorável, a retirada das forças espanholas de volta para o seu país na sequência da revolta que aí estalara e a derrota e rendição do general Dupont em Baylén, significava que grande parte do território nacional já fugia ao seu controlo e que as comunicações com França estavam cortadas.
As fortalezas de Almeida e de Elvas tinham sido guarnecidas na esperança do restabelecimento das linhas por onde poderiam vir os tão necessitados reforços, mas o número de soldados ao dispor de Junot diminuía na proporção em que aumentavam as revoltas. Tornou-se necessário alterar todo o dispositivo estabelecido anteriormente dispersando efectivos por vários locais da costa até à Figueira da Foz para prevenir desembarques, mantendo no entanto uma forte presença em Peniche.
Em Lisboa, cerca de 10.000 soldados mal eram suficientes para conter os ímpetos da população e as patrulhas tiveram de ser reforçadas, soldado que saísse sózinho não voltava. Nem mesmo os sucessivos fuzilamentos resolviam o problema.
O corpo de exército do general Loison foi reforçado com o objectivo de fazer face às revoltas de que iam chegando conhecimento, mas no primeiro confronto para retomar o controlo da cidade do Porto onde estava a principal Junta que se opunha ao governo dos franceses, foi confrontado com resistência de populares na zona de Mesão Frio, sendo obrigado a retroceder ficando para trás a ponte de Amarante que lhe abriria o caminho. Curiosamente a 22 de Junho ao regressar à capital tem uma pequena multidão a esperá-lo pois correra o boato de que tinha sido morto nesta refrega.
Voltou-se então para o Alentejo, onde o terreno não é tão acidentado podendo progredir mais rapidamente e aplacar revoltas como as de Vila Viçosa e Beja, tendo em Évora de enfrentar um combate terrível que causou bastantes baixas de ambos os lados, isto sem contar com os fuzilamentos que se seguiram à conquista da cidade por parte dos franceses.
Mal Loison retirou na direcção de Lisboa e já outras localidades, que acolheram os sobreviventes do combate, revoltaram-se horrorizados os seus habitantes com o que lhes contavam dos saques e violações cometidas, não podendo o general deixar guarnições atrás de si por entretanto ter recebido notícias do desembarque dos ingleses em Lavos.
O Algarve era outra zona que estava perdida, a escassa presença de oficiais e soldados franceses, não era nem de perto suficiente para conter os revoltosos, sendo Olhão a primeira, muitas outras localidades lhe seguiram o exemplo.
Assim em meados de Agosto só mesmo a zona compreendida entre as Caldas da Rainha e Lisboa, estava efectivamente em posse dos franceses, cuja prioridade deixou de ser as revoltas, para passar a ser os Ingleses que avançavam rapidamente para Sul na direcção da capital, o confronto era inevitável. Junot entretanto enviara o general Delaborde para a zona de Alcobaça, onde deveria recolher informações e se possível retardar o avanço do inimigo, necessitando para tal de encontrar o terreno ideal para um confronto dessa natureza.
O antigo campo de batalha de Aljusbarrota de que lhe falaram, não era adequado às armas do século XIX, pelo que depois verificar que os ingleses vinham em sua direcção e que eram cerca de 15.000, resolveu retroceder para uma zona que atravessara havia poucos dias e que lhe parecera ideal.