26.1.07

A medicina no teatro de guerra.

Recorre-se sempre às mesmas palavras para se descrever a medicina na época napoleónica, ou seja, não existiam condições de higiene e a amputação era o remédio mais prescrito - um soldado que fosse ferido em batalha, teria ainda de combater contra as infecções, perda de sangue e moscas, que resultavam na maioria das vezes em morte. Outro problema era precisamente o da evacuação de feridos, sendo essa uma tarefa que por vezes demorava dias, pelo que quem podia caminhar encarregava-se de pelos seus próprios meios de encontrar o hospital de campanha.
Os únicos analgésicos conhecidos eram o rum, brandy e um pedaço de madeira para morder. Alguns exércitos proibiam os seus homens de emitir qualquer som quando estivessem na mesa do cirurgião, que era utilizada sem qualquer limpeza. Será escusado dizer que com este tratamento as taxas de mortalidade eram elevadas.
Apesar de tudo a amputação também conduzia a uma rápida melhoria do soldado em questão, pois limpava os fragmentos da bala, de osso ou de tecidos mortos que poderiam originar graves infecções e os melhores cirurgiões sabiam que se actuassem rapidamente quando a pessoa ainda estivesse em choque depois de uma batalha, isso significaria uma menor presão sanguinea o que equivalia a uma menor perda de sangue.
Usavam-se diversos tipos de serra consoante a parte a amputar, o pior é que depois de algumas horas de corte, as lâminas ficavam rombas e não eram substituídas.
Claro que também se faziam pequenas cirurgias, se uma bala estivesse ao alcançe de um dedo era retirada, mais fundo do que isso ficava dentro do corpo. Rasgões causados por baionetas e desde que não tivessem atingido um orgão vital eram limpos e cozidos, geralmente com fio de algodão ou mais raramente com um fio muito resistente feito a partir de tendões dos animais.
Dois nomes destacaram-se neste período - Dominique Larrey em França, que inventou uma ambulância para uma evacuação mais rápida dos feridos e James Macgrigor em Inglaterra, que inventou um hospital "pré-fabricado" que acompanhava o exército em campanha. Ambos perceberam que quanto mais depressa intervissem nos ferimentos, mais possibilidades de sobrevivência teriam os homens, mas os seus pedidos para que mais carroças fossem colocadas ao serviço dos corpos médicos esbarravam na constatação de que as mesmas já eram poucas para os abastecimentos que por sua vez não podiam entrar em ruptura ou tudo o resto parava.
Tirando as feridas, as doenças que mais mortes causavam quando um exército estava em movimento eram a desinteria, o tifo, pneumonia, diarreia, tuberculose. Feridas mal curadas davam origem a gangrena, outra grande preocupação, tal como fracturas que se não sarassem bem seriam um problema.