17.1.07

A espingarda "Baker".

As novas tácticas introduzidas durante as Guerras Napoleónicas, levaram a que os ingleses reagissem, embora por vezes muito lentamente, encomendando aos fabricantes novos tipos de armas para contrariar os franceses no campo de batalha.
O "Board of Ordnance" responsável pelo design, teste e produção de armas e munições em Inglaterra desde o século XV, fez uma encomenda a Ezekiel Baker, algo inédito dado que até então fabricava mosquetes e reparava-os sob licença, mas vencendo o concurso lançado a 17 de Fevereiro de 1800 com o 3º design apresentado recebeu a "Pattern", ou seja, a "Baker" tornou-se uma das armas oficiais do exército britânico.
Pesava 4.08kg, tinha 1.16m e um calibre de 15.9mm, a sua menor envergadura face às suas congéneres da época era compensada pelo acoplamento de uma pequena espada ou terçado. Foi produzida até 1838, tendo servido em muitos teatros de guerra.
Uma das suas principais inovações foi a introdução de uma cano estriado, por oposição ao de "alma lisa" utilizado até então e que permitia um maior alcançe efectivo e uma maior precisão, embora por vezes fosse mais importante a sorte que a destreza no seu manuseamento. Outra inovação foi a integração do sistema de limpeza na coronha, permitindo a sua utilização mesmo no meio da batalha mais feroz.
Apesar de tudo era uma arma cujo processo de fabrico era muito complicado e oneroso para os cofres públicos, diversos dos seus componentes passavam por vários sub-contratados até que finalmente era realizada a montagem final. Basta referir que entre 1805 e 1815, apenas estavam em serviço cerca de 712 "Baker", não sendo por isso uma substituta para a "Brown Bess".
Ao invés decidiu-se equipar as novas unidades de "Rifleman" (atiradores, termo cuja designação provém da arma que utilizavam - Rifle) com a mesma e só as melhores e mais bem treinadas unidades a manuseavam no campo de batalha. Há que referir também que dado o seu menor calibre o processo de carregar e disparar era lento - a bala tinha que ser calcada dentro do cano.
Um episódio destaca-se durante a campanha peninsular como deveras exemplificativo desta arma, em 1809 durante a Batalha da Corunha o soldado Thomas Plunket deitou-se de costas apoiando a sua "Baker" no pé (uma das posições mais favoráveis para o tiro de precisão) e atingiu o General Colbert, de seguida e para provar que não fora um tiro de sorte atingiu igualmente um dos seus ajudantes de campo.