A corte de Carlos IV era um ninho de intrigas, que atingiram o seu ponto alto a 17 de Março de 1808, quando as ruas desta povoação, situada ao Sul de Madrid, na confluência do rio Jarama com o rio Tejo, são invadidas por uma multidão em protesto contra Carlos IV, mas especialmente contra Godoy e a sua política pró francesa.
Um núcleo importante da nobreza espanhola, unida em torno do primogénito D. Fernando, temendo o poder absoluto de que gozava o favorito e a sua relação com Maria Luísa, soube aproveitar o descontentamento popular, que aliás fomentaram, para exigir mudanças profundas no governo.
O apoio da igreja foi o último passo de que necessitaram, bem como a suspeição, que reinava em todos os sectores da sociedade, contra os franceses que, apesar do acordado em Fontaibebleau, ocupavam fortalezas importantes (Burgos, Pamplona, Salamanca, San Sebastián, entre outras). A pouco e pouco os efectivos desta nacionalidade já ascendiam a 65.000 homens, controlando as comunicações com França e mesmo a capital Madrid.
Godoy já tinha as suas próprias suspeitas e fizera retirar a família real para Aranjuez em Março, integrado num projecto mais vasto de retirada para a América Latina, tal como o fizera o Príncipe Regente de Portugal. Precisamente no dia em causa, a nobreza espalha o rumor da viagem incitando a população a impedir a mesma.
O palácio real é cercado, mas pior sorte tem o palácio de Godoy que é queimado, no entanto o favorito escapa e no dia 19 consegue refugiar-se no quartel da Guarda de Corpo e é D. Fernando que evita o seu linchamento, mas ordena a sua prisão.
Sendo o "líder" desta revolta é nele que seu pai abdica da coroa, o novo monarca é agora legitimado pela vontade popular, vendo muitos historiadores do país vizinho neste acontecimento os estertores da monarquia absoluta.