15.1.07

A alimentação de um exército 2.

A ração diária de cada soldado francês na travessia da peninsula era composta por:
28 onças de pão de munição (875g); 8 onças de carne (39.25g); 16 onças de vinho ou cerveja; 2 onças de legumes (favas, ervilhas ou lentilhas, 62.5g); fantando estes 1 onça de arroz (31.25g).
Este seria o cenário ideal, mas logo à partida foi ordenado aos homens para carregarem o mínimo indispensável, traduzindo-se isso por rações reduzidas, esperando-se que as autoridades espanholas fornecessem tudo o mais que fosse necessário, o que não aconteceu, pelo que os soldados passaram fome e com o passar do tempo desfizeram as colunas formadas para vaguear pelos campos em redor em busca de alimento. Muitos não voltaram.
As perdas sofridas na travessia foram terríveis e todo e qualquer vestígio de organização se desvaneceu à medida que se aproximavam da fronteira portuguesa. Só umas quantas unidades puderam resistir às marchas forçadas e ao pouco alimento recebido.
Em Portugal as coisas não melhoraram, apesar de em Castelo Branco ter sido requisitado farinha para os homens, estes nem sequer esperavam que o pão cozesse, ocorrendo logo aí diversos roubos. A posterior travessia da Beira Baixa, seguindo o curso do rio Tejo, também em nada ajudou, pois era uma zona pouco fértil e que por isso nada oferecia aos esfomeados.
Só a chegada às Lezírias minorou um pouco o estado da situação, embora estes homens ao comerem bolotas cruas padecessem depois de doenças do estômago. Lisboa deve ter aparecido como um oásis, pois só aí foi possível restabelecer a ordem e alimentar em condições todos os homens, sendo inclusive enviados mantimentos para os muitos que tinham ficado para trás.
Recorde-se que de cerca de 25.000 homens que partiram de França, chegaram inicialmente a Lisboa 1400 e que só mais de um mês depois foi possível reunir à volta de 10.000.