A 20 de Junho de 1808, sir Arthur Wellesley, zarpa de Cork a bordo da fragata Crocodile, antecipando-se à restante esquadra, que ainda embarcava os cerca de 10.000 homens que iriam ficar sob seu comando. Tinha um objectivo simples, encontrar um local de desembarque.
Efectuou uma primeira paragem na Corunha, onde uma junta de governo recusou o auxílio militar inglês (ainda tendo bem presente que até há pouco eram inimigos e que Gibraltar e Cádis estavam nas suas mãos), mas não recusou o ouro e as armas também oferecidos. Aconselharam-no a desembarcar em Portugal onde estalara a revolta e onde era necessário urgentemente esse auxílio dado o estado do exército.
Dirigiu-se então ao Porto, onde é recebido por D. António de Castro, Bispo da cidade e Presidente da Junta Provisional do Supremo Governo, que acolhe a sua oferta de braços abertos e se dispõe a colaborar no que fosse necessário. Sózinhos os portugueses pouco poderiam fazer contra uma investida francesa, os regimentos estavam desorganizados, poucos possuiam o uniforme quanto mais as armas, os oficiais também eram poucos e é preciso não esquecer que os melhores estavam em França ao serviço de Napoleão na Legião Portuguesa.
Carroças, gado e cereais são postos à disposição de Wellesley, bem como cavalos que não puderam ser embarcados na Irlanda, mas quanto a soldados só cerca de 1700 infantes e 200 cavaleiros se juntaram aos ingleses e ao ver o seu estado calamitoso, estes perceberam bem porquê. Organizada esta parte da sua viagem, embarcou novamente na Crocodile e já em Julho, conferencia com o almirante Cotton, comandante da esquadra que bloqueava a embocadura do rio Tejo.
O plano de operações fica estabelecido, a captura de Lisboa e do seu porto de àguas profundas onde poderia fundear uma esquadra e por onde chegariam reforços e abastecimentos era primordial, sendo assim um desembarque no Porto foi posto de lado pela longa caminhada que isso implicaria, aliado ao facto de ainda não poder dispor de todo o exército e das dificuldades com as provisões. Tornou-se necessário encontrar um local mais perto, numa costa que quanto mais para Sul, menos possibilidades oferecia.
Excepção feita a Peniche, mas o seu porto estava protegido por uma poderosa e bem guarnecida fortaleza. A solução foi finalmente fornecida pelo almirante, ao referir que em Lavos, um forte na foz do rio Mondego, estava em posse de tropas britânicas.
A 1 de Agosto inicia-se o desembarque, infelizmente o mar e apesar de se estar em pleno verão, apresentava-se com uma forte ondulação, provocando acidentes com os barcos e chegando mesmo a afundar alguns com os homens a bordo. Toda a operação se atrasou e prolongou-se até dia 5, altura em que chegou o corpo de Spencer proveniente de Cádis, levando a que fossem necessários mais três dias para ter toda a gente em terra.
No total foram necessários mais de 8 dias para que se iniciasse a marcha, Sir Arthur era um apologista de um bom comissariado que garantisse as necessidades do seu exército, mas teve que o organizar do zero, reunindo carroças e na falta de cavalos, bois para as puxarem. A maioria dos mantimentos continuariam por enquanto a serem fornecidos pela frota que o acompanharia ao largo.
A 7 de Agosto, encontrou-se em Montemor-o-Velho com Bernardim Freire, posto no comando das tropas portuguesas pela junta do Porto. Ficou decidido que se reuniriam em Leiria nos dias 11 e 12, localidade onde receberam notícias de que a divisão de Loison deixara o Alentejo e que poderia aproveitar para atacar Coimbra e assim cortar as comunicações com o Norte. Tomaram também conhecimento que a divisão de Delaborde estava em Alcobaça.
Wellesley aconselha então Bernardim Freire a ficar em Leiria e organizar melhor as seus homens, enquanto ele continuaria na rota prevista para Sul.