22.1.07

Jean Andoche Junot

Nasceu a 23 de Outubro de 1771 em Bussy-le-Grand, França, filho de um abastado lavrador e por isso pôde frequentar a escola, chegando a ir para Paris cursar direito. Tinha 20 anos quando se envolve na onda revolucionária que em 1789 varre o país, pegando em armas para a defender e alistando-se no batalhão de voluntários da sua província de origem - Côte d'Or.
Dada a sua audácia e valentia é rapidamente promovido a sargento de granadeiros e ganha a alcunha de "la têmpete", o furacão. Durante o cerco de Toulon conhece um general de artilharia que então se começava a distinguir e que requisitando alguém para escrever uma carta, aparece Junot que não a interrompeu nem quando uma explosão muito perto dele o cobre de terra. Impressionado o jovem Napoleão acolhe-o sob a sua protecção.
Estava garantida a sua ascensão à medida que a estrela do seu protector brilhava cada vez mais no firmamento. Em 1801 fez parte da expedição, ainda ligada à Guerra das Laranjas, que comandada pelo general Leclerc não passou da fronteira. Mas em inícios de 1805 e depois de ser promovido a coronel-general de hussardos, recebe a incumbência de substituir como embaixador o general Lannes e com a sua esposa vem pela primeira vez a Lisboa.
A sua entrada na capital assemelha-se a uma grande parada real, não demonstra nem grandes aptidões nem vontade para o lugar ocupado e assim que rebenta a guerra com a Áustria, deixa o seu cargo para poder nela participar. Não volta ao seu posto anterior, após a vitória é enviado para Parma onde rebentara uma revolta. Em 1806 está finalmente em Paris junto do agora Imperador Napoleão e dele recebe o título de governador da cidade, mas é olhado com cada vez mais desconfiança.
Contrai elevadas dívidas devido ao jogo e aos seus gostos extravagantes, nunca se sabe o que esperar dele e do seu carácter explosivo, tem inimigos a toda a sua volta, entre os quais o poderoso ministro de guerra, o general Clarke. A sua fama de mulherengo alastra e quando o ligam a um caso com Caroline Bonaparte, irmã de Napoleão, este não está com meias medidas e resolve novamente afastá-lo da corte entregando-lhe o comando do 1º exército da Gironda.
A sua experiência anterior em Portugal também foi determinante para este posto, uma vez que este era o exército destinado à invasão, a sua lealdade para com o imperador e o voluntarismo com que cegamente cumpria as suas ordens era essencial para como dizia o próprio Napoleão "Conquistar Portugal a passo de carga".
O pior é que Junot usava pouco de diplomacia e não era um administrador hábil, cumpriu estritamente as ordens recebidas, mas rapidamente a situação se deteriorou e o seu governo tornou-se objecto de ódio, que reprimiu da forma mais violenta, não conseguindo no entanto aplacar as revoltas.
Por este feito, é preciso não esquecer que atravessa a península com um exército em pouco mais de 1 mês, recebe o título de Duque de Abrantes, mas não o bastão de marechal por ter deixado escapar a familia real e a frota para o Brasil.
Derrotado em Portugal e sendo o único dos companheiros de Napoleão que ainda só era general, a sua carreira entra num declínio acentuado, que se agrava na campanha da Rússia em 1812 ao comandar uma carga desastrosa que sacrificou muitos homens, não merecendo a partir daí a confiança do seu imperador e só confirmando o que os seus detractores diziam dele - que era um valente, mas um general sem capacidade para liderar uma divisão.
Em 1813, já após a derrota e primeira abdicação de Napoleão, põe termo à vida.