28.8.06

A alimentação de um exército 1.

Do exército francês esperava-se que, onde quer que estivesse, dos campos alemães aos campos peninsulares, obtivesse a sua comida no local, não olhando a meios para a obter. Cada soldado a par do seu treino militar, recebia também instruções sobre como moer o cereal para fazer pão que, era a base da sua alimentação. Em todos os regimentos existiam pequenas mós para esse efeito.
Qual o objectivo de tudo isto? Os exércitos franceses que ocupavam vários países europeus, entre os quais Portugal de Novembro de 1807 a Setembro de 1808, não eram onerosos para os cofres do seu imperador Napoleão Bonaparte. Mas a tática de viver dos recursos que as diversas regiões proporcionavam, apesar de facilitar a mobilidade da tropa que não dependia de longos e lentos comboios de abastecimento, tinha os seus custos sobretudo se determinada zona pouco tivesse para oferecer.
Em Portugal, a região da Estremadura, foi particularmente afectada neste período, pois o porto de Lisboa era o local a defender a todo o custo e a zona envolvente esteve sempre sob ocupação francesa. Numa primeira fase também Alcobaça foi ocupada, pois constara aos invasores da riqueza fenomenal do seu mosteiro e das imensas terras que possuía. Serviriam de apoio para o hospital militar que entretanto fora instalado nas Caldas da Rainha, cujas àguas eram um bálsamo para os soldados afectados por inúmeras doenças.
Os próprios comerciantes de Lisboa sentiram o que era ter que cumprir uma requisição e muitos deles pagaram-na em dinheiro, consoante o seu volume de negócios. Não foi pois difícil para os franceses conseguirem tudo aquilo de que estavam necessitados, nomeadamente vestuário, calçado e armas, cada soldado pôde mesmo receber uma garafa de vinho por dia.
Posteriormente, com o avançar dos meses começaram as primeiras dificuldades, uma vez que dependia-se já na altura da importação de cereais de países do leste europeu. Mas com os mares controlados pela marinha britânica, todas as embarcações destinadas ao nosso país eram apresadas, para não caírem nas mãos dos solados.
O resultado foi que no final do periodo de ocupação grassava a fome em algumas regiões.